Vide - Barato - Por si sós - (Sic)
M. T. Piacentini
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=110&rv=Gramatica
Vide
"Vide. Essa expressão é usada amiúde, como imperativo do verbo ver. Ex.: Vide rodapé; vide página 13 etc. Pergunto se o correto não seria ‘vede’ e em que hipótese devemos usar o ‘vide’ acertadamente."
Usa-se vide quando se quer remeter alguém a outro livro, capítulo, página, trecho. Abrevia-se v. ou V. – inicial maiúscula quando no início da frase.
O imperativo do verbo ver de fato é "vede", que se refere a "vós", pronome rarissimamente usado no Brasil, motivo por que preferimos o latim "vide", que se traduz por veja ou até mesmo pelo infinitivo, por exemplo: ver pág. 10. Ver referência no final do capítulo.
Barato
"Gostaria de saber se a palavra barato, referente a preço, tem feminino; por exemplo, a roupa é barata."
O adjetivo "barato" tem o feminino "barata", sim. E tem plural. Ou seja, flexiona em número e gênero quando qualifica um substantivo na sua proximidade [exemplos 1 e 2] ou em frases com verbos de ligação, dos quais ser e estar são os principais [exemplos 3 a 6]. O mesmo vale para o adjetivo caro:
"Barato" só não flexiona (permanece no masculino singular) quando é usado adverbialmente, isto é, junto com verbos que não sejam de ligação, como custar e sair:
Por si só
"A expressão 'por si só' é usada sempre no singular ou deve também ser flexionada no plural? Por exemplo: as provas apresentadas, por si só, não foram suficientes para caracterizar o dano."
Deve-se pluralizar a expressão de acordo com o substantivo em referência. Quando reforça o pronome "si" (que serve para singular e plural), a palavra "só" tem valor adjetivo e é portanto flexionável. É como se disséssemos "a ação por si mesma, as provas por si mesmas, os fatos por si próprios". Alguns exemplos:
(Sic)
"O que significa a expressão (sic) presente em diversos artigos de jornais e revistas?"
O termo sic – advérbio latino que quer dizer "assim" – é usado entre parênteses depois de qualquer palavra ou frase que contenha um erro gramatical ou um dito absurdo que o redator quer deixar claro que não é dele, mas da pessoa que falou ou escreveu aquilo. Em resumo: ao colocar o (sic), você mostra ao leitor que é assim mesmo que estava no original, por mais errado ou estranho que pareça.
Mas veja bem, não se deve usar (sic) a torto e a direito. Ao transcrever um trecho que contenha grafia antiga ou evidentes lapsos de datilografia ou digitação, é melhor consertá-los. A propósito, e para deixar bem claro: somente erros de ortografia podem ser alterados para conserto. Porém, se o autor cometeu muitos erros de outra natureza, é preferível não citá-lo!
Sobre a autora:
Maria Tereza de Queiroz Piacentini é catarinense, professora de Inglês e Português, revisora de textos e redatora de correspondência oficial há mais de vinte anos. Em 1989 foi responsável pela revisão gramatical da Constituição do Estado de Santa Catarina e no ano seguinte publicou artigos sobre questões vernáculas em diversos jornais. Retoma agora a publicação de colunas semanais com temas atualizados, em vista da experiência adquirida e das inúmeras consultas que lhe têm feito pessoas de todo o País depois que lançou o livro Só Vírgula - Método fácil em 20 lições (UFSCar, 1996, 164p.). Também teve publicados, em 1986, dez módulos da Instituição Técnica Programada - ITP, Português para Redação, edição esgotada.
Hompege: www.linguabrasil.com.br
Matéria publicada em 01/09/2003 - Edição Número 49